eu nunca me apaixonaria por um advogado. certamente, na minha cabeça eletrocutada de publicitária, sentir atração física por um advogado tá fora, literalmente fora de co-gi-ta-ção.
mal sabia eu que a carapuça me serviria muito bem naquele velho e popular bordão - "o mundo dá voltas". clarice lispector, a culpa é sua?
o cara do jurídico. anti-herói, altura mediana, passos comedidos, equilibrados e sempre iguais. magro. tímido, sotaque paulista (o que eu consegui ouvir até agora) e um olhar tão diferente e bonito que pimba! me apaixonei. platonica e solitariamente: ele não sabe que eu existo.
tudo bem. vem aquela minha velha mania de gostar de amores independentes e rápidos, desses inexistentes que só fazem a nossa barriga doer por alguns nanosegundos e a criatividade nascer e morrer em 15 minutos. mas com ele não. com o cara do jurídico é diferente.
aqui, a concepção do diferente acompanha uma energia que faz os meus olhos mirarem nele no instante que ele entra (ou sai) dessa sala enorme e fria - o que muitas vezes nos afasta de uma possível conexão direta, approach, conversa casual ou amizade corporativa.
já pensei em promessa de ir até o japão e voltar a pé, pra ver se a gente se encontra no elevador, no parque, na padaria, na farmácia - qualquer lugar! nada ainda, não deu certo. pedi aos santos, aos orixás, ao buda, à nossa senhora de fátima e até são josé (porque santo antônio está fora de moda). nada, nada e nada.
resolvi guardar essa história na minha caixa imaginária de pessoas boas, no estilo daquelas que te fazem paralisar e ao mesmo tempo tremer que nem batedeira sem botão.
beijão procê, cara do jurídico.